domingo, 30 de novembro de 2008

1ª sessão do Clube de Idéias - Sobre a educação

Professores associados: Jáder, Machado, Vladimir, Teixeira, Figueiredo e Veloso.

Começamos a nossa sessão regada a chá e terminamos saboreando um Robt. Burns. Sim, nós cinqüentenários começamos a fumar com mais freqüência.

Foi com felicidade que recebi um email do Dr. Maia, sugerindo que fizéssemos uma reflexão sobre a ecologia sob a perspectiva do “princípio do prazer”.

O professor Veloso ficou empolgado com a proposta repensando as teses de Marcuse e a sua possibilidade ecológica.

O Dr. Maia não é um desvairado! Inúmeras vezes me demonstrou a importância das pesquisas agronômicas, inclusive a importância da utilização da engenharia genética (transgênicos) para o melhoramento das plantas ao longo da história, e como é necessário para alimentar a população mundial! Veloso não concorda com as teses do Dr. Maia, acredita que a humanidade caminha para uma crise ecológica, que vitimará as gerações futuras.

O professor Figueiredo, mais pragmático, concorda com o Dr. Maia, afirmando que é preciso pensar primeiro em acabar com a fome utilizando os meios que a ciência nos oferece. Porém, todos nós concordamos com a perspectiva de uma ecologia naturista, nudista, prazerosa.

O professor Teixeira fez uma ampla exposição sobre o caos nas salas de aulas e a depredação de escolas pelos alunos, iniciando a sua exposição a partir da leitura de artigo de José de Souza Martins: “A escola do avesso” (O Estado de S. Paulo, 16/11/2008).

Como um aluno do ensino médio que assistiu aula sobre história do Brasil contemporâneo, não consegue na aula seguinte responder a uma pergunta tola como: Por que Tancredo Neves não tomou posse da presidência da Republica? Comente algumas conseqüências desse fato.

Será que o aluno foi desatento? O professor não relatou de forma clara o episódio durante a aula?

O professor Vladimir vê essa situação como o resultado de um projeto de alienação iniciado nos anos 60 após o golpe militar, aprimorado com a adesão do país ao neoliberalismo e seus princípios aplicados a educação. Figueiredo resume com uma palavra a questão: disciplina!

Nós não podemos discordar do prof. Figueiredo e durante a semana a mídia relatou a discussão em torno da questão: o ensino não pode ser bem administrado sem a boa disciplina. A secretaria de educação refuta boa parte do episódio de destruição da escola Amadeu Amaral (São Paulo-SP), recorrendo aos seus programas para deter evasão, integrar o aluno e aprimorar o desempenho do educando, como ações que estão resolvendo a questão disciplinar. Mas a realidade é esta: boa parte dos alunos freqüenta a escola para nada, são a troupe do nada. Ocupam a escola como extensão da rua, da sua casa, reproduzindo o discurso do senso comum, mantendo o comportamento da rua: dançam, não modificam seu vocabulário, brigam, drogam-se , fazem sexo, como se o espaço público (a escola) não fizesse a mínima diferença .

O professor Figueiredo sugere a exemplo da prefeitura de Washington a bolsa disciplina, para os alunos que mudarem seu comportamento. Mas, e se os alunos fizerem uso do dinheiro para aquisição de drogas? Não, os alunos vão mudar de comportamento com esse incentivo. Mesmo os doentes sociais? É verdade, diz o professor Machado, existem casos de alunos (cada vez mais freqüentes), vítimas da desestruturação familiar, despojados de quaisquer valores, e o seu comportamento não vai ser alterado na escola. É preciso de assistência social. Transforme a escola em centro de assistência social, diz Veloso. Então não se educa mais para o conhecimento formal? Apelemos para a comunidade, incentivando a figura do pedagogo comunitário, sugere ainda Veloso. Mas já existe a escola da família, que organiza cursos para melhorar o desempenho do aluno, por exemplo, receitas de bolo, pão, aulas de skate. Chega!!! , diz Machado. Quem é o novo docente? Pergunta Teixeira. É o facilitador pedagógico: aquele que “ajuda” o aluno a ser aprovado sem o mínimo esforço, melhorando os indicadores da escola, visando receber um bônus melhor. Ele não ministra aulas de acordo como o nível do aluno, por exemplo, o aluno do 3º col., aprende o conteúdo do aluno da 8ª série do ensino fundamental, quando aprende.

É preciso radicalizar para transformar a escola e o governo precisa conhecer de fato a realidade sem medo, sem imediatismos eleitoreiros ou objetivos centrados em metas fiscais.

Terminamos a sessão preocupados com as gerações futuras. Com os futuros médicos, advogados, professores, etc.

Jáder Marcos Paes Correto da Rocha

E você? O que acha da educação no Brasil? Comente abaixo ou envie suas colaborações para: clube.ideias@gmail.com


Um comentário:

Di Giacomo disse...

Aoooooooo Sr. Jááááder!