domingo, 7 de dezembro de 2008

Ecologia - 2ª sessão do Clube de Idéias

Professor Machado recita poema de Fernando Pessoa: “Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

(...)

Arre, estou farto de semideuses!

Onde é que há gente no mundo?”(Poema em linha reta)

Meu caro Machado vou atacar de Nietzsche: “Ecce homo” , logo crucifica-o, porque o homem se transforma em rebanho, simulacro de herói coisificado. Ainda pensando em Nietzsche, se sou um décadent, sou também seu contrário.

O semideus é a encarnação do homem idealizado pela cultura judaico-cristã, que objetiva a criação do homem perfeito, cópia de um deus onipotente, diz Vladimir. Essa cultura ancestral é completada pelo sistema atual que não permite falhas, angústias, imperfeições, completa Vladimir.

Já que vocês evocaram Nietzsche, diz Teixeira, permitam que eu cite uma passagem do “Ecce Homo”: “Os bons – eles não podem criar, eles são sempre o começo do fim – eles crucificam aquele que escreve novos valores em novas tábuas, eles sacrificam a si o futuro, eles crucificam todo o futuro dos homens!”

Sem a imperfeição, porradas , derrotas, frustrações não saberíamos da existência do belo, dos cheiros , da verdade. Não vamos nos refugiar na melancolia, mas sabemos da sua existência, sentimos e superamos como normalidade.

Machado cita, prosseguindo a discussão, versos de Carlos Drummond de Andrade:

“As lições da infância

desaprendidas na idade madura.

Já não quero palavras

nem delas careço.

Tenho todos os elementos

ao alcance do braço.

(...)

Já não dirão que estou resignado

e perdi os melhores dias.

Dentro de mim, bem no fundo,

há reservas colossais de tempo,

futuro, pós-futuro, pretérito,

(...)

Eles dizem o caminho,

embora também se acovardem

em face a tanta claridade roubada ao tempo.” (Idade Madura)

Mais uma correspondência do Dr. Maia chegou ao nosso clube, contribuindo para novas reflexões ambientais. Destacamos algumas passagens significativas:

“Ecologia é uma ciência embasada em Física. Portanto como diria o grego se soubesse português: Natural!

Para começar entender ecologia tem de ter entendido fluxo de massas, energia, reações químicas, biologia da reprodução e outras coisas.

O caso do escárnio dos transgênicos, cuja proibição/demonização interessa principalmente aos plantadores de soja americanos é gritante. E dá-lhe Greenpeace defendendo aqueles caras do hemisfério N que tem US$400 bi de subsídios agrícolas por ano (quase 2 bi/dia útil). É dinheiro que sai dos impostos dos produtos do Sul e/ou serviços que nos vendem e mantêm aqueles caras no bem bom. É transfusão de sangue do doente para o "atleta"!

Ou seja: a soja transgênica é muiiito mais "ecológica" do que a que eles querem... O problema é outro. Chama-se subsídio, indústria de alimentos/química e petróleo.

Fiquem tranqüilos o Co2 não vai esquentar porra nenhuma. Quem não fugiu da aula de física do primeiro ano sabe que o vapor d'água é o principal gás "do efeito estufa" e o CO2 liberado diariamente pelos vulcões constantemente durante os últimos 2 bilhões de anos (não é engano: 2 bilhões de anos) é mais de 50 vezes do que a emissão do co2 do petróleo que começou a ser liberado a partir de 1960... Por que não afundamos??? Por que o mar dissolve e vira sedimento que vira calcáreo que as placas tectônicas em meros 10 milhões (veja bem Milhões de anos uma escala 200 vezes menor ou mais rápida) recicla. Agora vem uma especiezinha besta e se acha no poder de acabar com isso! A espécie vai acabar como tantas outras e não fará a menor diferença! O clima esquenta e esfria violentamente desde sempre. O problema é que a nossa percepção humana do tempo é limitada.

O Homem tal como todas as outras espécies apareceu e vai desaparecer. Qual o problema?”

O professor Veloso que é defensor das causas do Greenpeace, defensor de José Bové e do protocolo de Kyoto, continua desconfiando dos transgênicos e defendendo que a intervenção humana no meio ambiente tem sido desastrosa. Figueiredo não concorda com Veloso e inclusive defende um PAC para a Amazônia, com uma abertura para o capital estrangeiro, por exemplo, para empresários da Indonésia. O professor Machado lembrou a importância do CO2 para os vários processos que se desenvolvem na Terra, como a fotossíntese, as características alcalinas das águas dos mares, etc. Desta forma estamos cientes (inclusive Veloso) da histórica emissão de CO2 e das variações de temperatura, que no último período glacial, elevou o nível do mar cerca de sete metros nas regiões tropicais. Vladimir lembra as medidas realizadas por Charles D. Keeling, que indicam variações anuais de CO2 como causas naturais, mas ampliadas com a queima de combustíveis fósseis.

Mais uma vez, Veloso lembra que a comunidade científica tem preocupações com a poluição global decorrente da emissão de gases como o dióxido de carbono, citando José Goldemberg: “Desde o início da revolução industrial... a quantidade deste gás já aumentou 30%, devendo dobrar... o que deve bastar para causar grandes alterações no clima.”

Não somos adeptos das teses religiosa/ambientalistas da catástrofe ecológica. Sabemos da luta pela sobrevivência e do mundo maravilhoso que a humanidade criou: humano, demasiadamente humano demais, logo trágico. Parece que a nossa opção foi pelo “instinto de morte”, porque percebemos que não somos nada no universo. Somos obra do acaso e egoístas! Assim concordamos com José Saramago, “a humanidade não merece a vida”.

Como o Dr. Maia sugeriu encerramos a sessão saboreando “Original” a beira da piscina, sob protestos do prof. Vladimir, que considera uma atitude pequena burguesa, porém como é prazerosa e pesa a sua formação epicurista apreciou com moderação.

Jáder Marcos Paes Correto da Rocha

5 comentários:

Anônimo disse...

Protesto!

Anônimo disse...

Falácias de um agrônomo em puro delírio de grandeza

Anônimo disse...

Sabe porque este país não vai pra frente? porque está cheio de idiotas!

Ana Alice disse...

eu tenho dó da perfeição.

Di Giacomo disse...

E as suas poesias, Ana?