domingo, 21 de dezembro de 2008

Miscigenação: 4ª sessão do Clube de Idéias

Professores associados: Jáder, Machado, Vladimir, Teixeira, Figueiredo
e Veloso.


Somos um país multirracial? Indaga Figueiredo. Existe sincretismo étnico? Quem ganha com o discurso das diferenças étnicas? Novas indagações dos velhos associados.
Machado intervém, confirmando a miscigenação e o multiculturalismo do povo brasileiro, lembrando o nascimento e transformação de Macunaíma de Mário de Andrade: “... nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo e da noite (...). O herói depois de muitos gritos... entrou na cova e se lavou inteirinho. (...) Quando o herói saiu do banho estava branco... (...) E ninguém não seria capaz mais de indicar nele um filho da tribo... dos Tapanhumas.”

Mário foi genial, porque não estava preso a preconceitos e identificou o processo de miscigenação do povo brasileiro, dando prosseguimento à reflexão modernista de quem é o povo brasileiro.
O velho brasileiro é fruto de miscigenações, de povos que por sua vez quando chegaram por aqui (europeus, africanos, asiáticos) também eram filhos de outras misturas étnicas.

"Mestiço" de Cândido Portinari

Logo, políticas de cotas não têm razão de ser ou de existir, afirma Vladimir. Tentamos reduzir as diferenças socioeconômicas, corrigir erros do passado (a escravidão) de forma equivocada e populista, continua Vladimir, dessa forma são criados guetos étnicos, reforçando a diferença étnica ou racial. Esse era o discurso da classe dominante branca no passado com uma conotação racista.

Veloso lembrando Oswald de Andrade: “..., nós brasileiros, campeões da miscigenação tanto da raça como da cultura, somos a Contra-Reforma, mesmo sem Deus ou culto. (...). O que precisamos é nos identificar e consolidar nossos contornos psíquicos, morais e históricos”.
Culturas contra culturas, etnias contra etnias, são mais ameaçadoras do que uma agressão estrangeira, uma invasão. Uma guerra contra um inimigo interno é a implosão de um povo.

Jáder Marcos Paes Correto da Rocha

Um comentário:

Filhas da Pagu disse...

Essa é a carta na manga que as pessoas não percebem. Tanta possibilidade de troca entre culturas, sentimentos...
A miscigenação brasileira, linda, é encarada de forma totalmente distorcida. Ninguém vê.
Parabéns pelo texto.
Bj,Karol.