Professores associados: Jáder, Machado, Vladimir, Teixeira, Figueiredo e Veloso.
Assistimos a luta entre Holyfield e Valuev e o professor Figueiredo logo nos fez lembrar sobre o próximo ano: o conflito entre David e Golias. Sim, teremos que ser heróis como David para enfrentar o gigantesco desemprego, a inflação, o conservadorismo, o autoritarismo, etc.
Torcemos por Holyfield. Menos o prof. Vladimir, por achar que o boxeador norte-americano, apesar do seu tamanho em relação ao russo é um ícone do capitalismo. Gasta muito dinheiro, mora numa mansão em Atlanta com 17 banheiros, com a maior piscina privada dos Estados Unidos e fugiu do adversário.
Independente disso torcemos para Holyfield porque a luta nos deu a sensação do conflito dos fracos contra os opressores . A possibilidade de reagir às dificuldades, aos obstáculos, o sonho do herói.
Os heróis existem ou podem existir, diz Veloso. São necessários para nos dar esperança, ou servir de exemplo para as lutas sociais.
O professor Machado lembra o mito religioso, quando Davi vence em combate Golias na luta contra os filisteus. Golias desafiou os soldados do exército de Israel para um combate individual, que ninguém aceitou, exceto o jovem David, que armado de uma funda matou o gigante com uma pedrada na testa e levou a cabeça de Golias para o rei Saul. Depois disso, a sua ascensão e popularidade foram inevitáveis. Tornou-se chefe do exército de Israel e favorito do rei (até tornou-se seu genro). Mas isso não agrada o rei, que passa a persegui-lo, obrigando Davi a fugir. Só após a morte do rei e de seu filho, David consegue tornar-se rei.
Davi X Golias, está presente em vários contextos sociais, onde nem sempre Davi leva a melhor.
Por outro lado, lutas populares podem ser vitoriosas quando existe determinação, ou quando a opressão chega ao limite. Teixeira lembra a luta dos negros na África do Sul nos anos 70 contra o desenvolvimento em separado (apartheid). Os estudantes se levantando contra a educação banto, que os instruía a falar afrikaner para obedecer a seus patrões brancos, e ainda limitava a sua formação . Para que aprender matemática se vai atuar como empregado dos brancos? De repente muitos David se rebelam. Não querem aprender afrikaner e começam os protestos. Golias age e mata vários estudantes. Parecia que o desfecho seria como a luta de Holyfield e David seria derrotado. Mas ocorreu a partir daí um crescimento das manifestações, o mundo se sensibilizou e a África do Sul sofre boicotes econômicos. Os brancos tiveram que ceder.
E a inversão ou ironia histórica da luta entre palestinos e judeus? Indaga o professor Vladimir. Os judeus representados por David no passado, que lutaram contra Golias, isto é contra os filisteus, era um povo que buscava a sua unidade política e estava em expansão procurando dominar a palestina ou a terra prometida, sob a perspectiva da justificativa religiosa. E a mesma religião criou o mito de David para justificar a luta do povo eleito, justo, etc. Na verdade os hebreus como qualquer povo da antiguidade entra em choque com outros povos em busca de pastagens, fontes de água (Rio Jordão), etc.
Hoje a luta simbólica de David, é a luta palestina, que enfrenta o moderno exército de Golias (Israel) com as velhas fundas ou mais sofisticadamente com os mísseis katyuschas. Até agora Golias tem levado a melhor, como na maioria das lutas sociais e populares que sonham com surgimento de um herói.
Com exceção do professor Veloso e do Teixeira, não acreditamos em heróis nem em messias, resolvemos seguir uma máxima epicurista para o final do ano: “desviar das fatalidades”
Jáder Marcos Paes Correto da Rocha
domingo, 4 de janeiro de 2009
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3 comentários:
Ter esperança em Davi é importante
Grande Jáder, precisamos voltar a nos encontrar em meio a fumaças de cachimbo e canções do Gil
Então, quem perdeu a luta afinal? Davi ou o capitalismo?
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