domingo, 29 de março de 2009

17ª sessão do Clube de Ideias: Uma nova escola?

Penápolis, 15 de março de 2009.

Professores associados: Jáder, Machado, Vladimir, Teixeira, Figueiredo e Veloso.


Novamente retomamos alguns aspectos da educação, pois afinal essa tem sido a realidade profissional de quase todos os associados deste clube.

O professor Vladimir afirma que as pessoas se iludem com a propaganda do governo sobre as grandes mudanças na educação ou ainda, acreditam que medidas de auto-ajuda vão resolver os problemas. Como dizia Marx tem que partir da realidade concreta, das condições materiais, para perceber o que esta acontecendo.

Na escola pública em que atuo, diz o professor Teixeira, posso enumerar dois casos concretos das dezenas que ocorrem todas as semanas. Fato concreto 1: aluno com passagem pela polícia, inclusive agressão contra um policial desacatou a todos na escola e ainda agrediu o diretor da escola com uma lata de lixo. Apesar de ser criminoso, a justiça determinou a sua matrícula no começo do ano. Agora o conselho de escola vai transferi-lo, porque a expulsão não pode ser aplicada. Fato concreto 2: aluno da mesma escola , com perturbação sexual , assedia alunas no recreio , na sala de aula , nos corredores , etc. Os pais são chamados , ignoram o problema , porque são causadores do problema : assediam sexualmente o filho.

Figueiredo afirma que intervenções de grupos, Ongs, em projetos educacionais, estão em sua imensa maioria desconectada da realidade escolar, principalmente aqueles grupos que acreditam em reformas através da boa vontade, da solidariedade, da participação efetiva da sociedade na solução dos problemas educacionais.

Veloso afirma que participar ajuda, corresponde as conquistas democráticas da sociedade, mas não resolve questões estruturais como salários, formação de professores, disciplina, trato de alunos deficientes, freqüência de marginais nas salas de aula.

Jung, em “O Desenvolvimento da Personalidade” supera o materialismo do século XIX para repensar a educação no início do século XX, afirma o professor Machado. Um aspecto importante para lembrar sobre o comportamento das crianças nas escolas é entender que os pais são quase sempre os responsáveis pelas neuroses das crianças ( pg. 75) . A criança que sofre de algum desvio comportamental na escola, pode ser encaminhada pela direção da escola para tratamento médico ou para o conselho tutelar, mas a fonte da perturbação não é tratada: os pais. Chega de louvar a “santa maternidade” que desprovida de responsabilidade gera “monstros humanos” (pg. 178), conclui Machado inspirado em Jung.


Mas Jung lembra também como deve proceder o educador, que deve ter clareza sobre os seus pontos de vista e sobre suas falhas . Ser exatamente o que você é, sem iludir a criança, o educando. Esse é um ponto importante esquecido pelos educadores. “O educador deve ter em mente que pouco adianta falar e dar ordens; o importante é o exemplo” (pg. 137). “Ninguém pode educar para a personalidade se não tiver personalidade” (pg. 177).

Machado lembra de outro aspecto importante levantado por Jung. As crianças inúmeras vezes não devem receber educação coletiva, igual, se apresentam alguma deficiência, ou resistência à educação coletiva. Devem ser criadas classes diferenciadas não para excluir, mas para atender melhor as crianças, desenvolver suas potencialidades. O que não significa que toda a criança tenha potencial para ser, ou vontade para ser, pesquisador, livre docente, bacharel, etc. Não queremos decoradores de matemática, ou de palavras, a escola precisa atender a todas as necessidades humanas desenvolvendo talentos em diferentes áreas.

Claro que não defendemos o fim da escola formal, acadêmica, mas existe a necessidade de se criar escolas novas para atender todas as necessidades. Essas reflexões não estão na pauta dos dirigentes políticos e educacionais, nem tampouco nas Ongs. O que eles querem é uma escola única. Todos seguindo a mesma cartilha, amontoados. Afinal os custos...

Jáder Marcos Paes Correto da Rocha

3 comentários:

Di Giacomo disse...

Boa! Mas é difícil saber como começar as mudanças na escola, sem ter apoio desse governo preocupado com números

Associados do Clube de ideias disse...

Concordamos

Anônimo disse...

Tratar a Educação como "número" é que acaba destruindo a sua função transformadora...coisa mais velha do que as piramides do egito saber que isso não é nada bom para alguns...
Jademir Paes