sexta-feira, 6 de março de 2009

Ariadne, a velha hippie - 14ª sessão do Clube de Ideias

Penápolis, 22 de fevereiro de 2009.

Jáder, Machado, Vladimir, Teixeira, Figueiredo e Veloso.



Quando iniciávamos mais uma reunião sob a fresca sombra da velha pitangueira eis que recebemos visita inesperada de Ariadne, a velha hippie.

Chegou citando Foucault: “A lua, cuja influência sobre a loucura foi admitida durante séculos, é o mais aquático dos astros. O parentesco da loucura com o sol e o fogo surgiu bem mais tarde.”. Continuou falando tresloucadamente citando também, Marcuse, Lacan.

Observa Machado que Ariadne deve ter chegado navegando numa verdadeira Stultifera Navis porque o seu discurso corresponde ao do navegante de águas transtornadas.

Insiste a ilustre e bela visitante em discutir o antagonismo Apolo Baco. Prega o culto a Baco e começa a arrancar a roupa, para o deleite destes não tão sóbrios professores.

O professor Veloso, decide acompanhar o gesto da velha hippie e também arranca a roupa iniciando com Ariadne uma dança que reproduz os gestos das festas dionisíacas.

Figueiredo observa um pouco mais afastado o ritual, considerando-o fora do contexto de nossas reuniões.

Ariadne prega que busquemos a nossa energia, a alegria, o corpo, ... a loucura.

Machado sendo complementado pelo professor Teixeira, contesta a “loucura” proposta por Ariadne, usando a mesma leitura dela: Foucault. “Mas se o saber é tão importante na loucura, não é que esta possa conter os segredos daquele; ela é, pelo contrário, o castigo de uma ciência desregrada e inútil.”

Cuidado companheiros! Diz Vladimir: estamos a um passo de reconhecer que aquilo que fazemos aqui não é válido, é falso, enfim de jardim epicurista, nos transformamos em jardim sofista. E mais, citando também Foucault, “Se a loucura é a verdade do conhecimento, é porque este é insignificante, e em lugar de dirigir-se ao grande livro da experiência, perde-se na poeira dos livros e nas discussões ociosas; a ciência acaba por desaguar na loucura pelo próprio excesso das falsas ciências.”

Não temos a pretensão de organizar um jardim acadêmico. Somos simples cidadãos que precisam desse refúgio para falar sobre as nossas visões e reflexões sem compromisso.

Ariadne, no esplendor da nudez, sem rubor, nos convida para um mergulho na piscina. Um batismo de voluptuosidade! Afirma ela. Veloso mergulha, todos mergulham inclusive o reticente Figueiredo.

Apolo descobre Baco e a Stultifera Navis traz belas velhas hippies para completar o ritual iniciado por Ariadne. Afrodite, Ártemis, Antonieta, Safo e Ceres, mergulham na piscina e juntos assistimos ao por do sol.


3 comentários:

Anônimo disse...

Ai que saudades de ficar na piscina com Ariadine e meu cachimbinho de ervas medicinais... Gozei!

Misantropia Reativa disse...

A melhor coisa que aconteceu com Ariadne foi ter sido abandonada por Teseu. Não fosse por isso, nunca teria caído nas graças de Dionísio e provavelmente viveria uma vida chatinha.
Adorei.

Di Giacomo disse...

Este texto é bem diferente dos outros publicados nas sessões do Clube de Ideias. bem legal