Sábado é dia de Clube de Ideias
Penápolis, 1 de março de 2009
Professores associados: Jáder, Machado, Vladimir, Teixeira, Figueiredo e Veloso.
Relemos o livro “O afeto que se encerra” de Paulo Francis (edição da Civilização brasileira, 1980). Foi o saudosismo dos associados que levou a releitura e também para reverenciar um estilo jornalístico que se perdeu, apesar dos imitadores pós modernos.Penápolis, 1 de março de 2009
Professores associados: Jáder, Machado, Vladimir, Teixeira, Figueiredo e Veloso.
O professor Machado diz que o livro não é uma autobiografia, mas um livro de memórias, como Francis afirma logo no início do livro, procurando definir inclusive o significado da escrita na pg. 14. Dai o ecletismo, a variedade dos assuntos por ele tratados, o que era uma marca também nos seus artigos que começava a falar do governo brasileiro, passava por Dostoievski e terminava em Manhattan.
Perfeita percepção, diz Vladimir, quando Francis define os métodos da SS e da Cheka soviética como fruto dos métodos da Cia. de Jesus (pg. 46).
São interessantes as críticas sobre a esquerda brasileira, comenta o professor Figueiredo, que meteu os pés pelas mãos quando nos anos 60 diluiu, com o apoio do populismo de Jango, a luta sindical, que não pode dessa forma reagir ao golpe de 64 (pg. 61). Feliz análise de Francis sobre a loucura da posse de Jango, o seu vacilo político e o reacionarismo da classe média que temia o discurso da esquerda de “virar a mesa”.
Teixeira, citando Francis diz, temiam “... perder tudo, de empregados tomarem as jóias da patroa, ou que o morro descesse , apavorados pela propaganda hábil que a direita fez da propaganda inábil da esquerda. Essa é a síntese sociológica do golpe de 1964.” (pg. 61.). Assim, nos tornamos uma ditadura, para regozijo da classe dominante e como sempre o “fator humano, é o supérfluo, o sacrificável” (pg. 69).
O professor Veloso considera Francis um bom jornalista, mas um romancista frustrado. Na verdade Francis se considerava comentarista. De qualquer forma, diz Veloso, Francis percebeu que no futuro (hoje) o caos se estabeleceria devido ao desgoverno e a concentração de renda afirmando: “Um dia as cidades cairão definitivamente e uma nova era de trevas se abaterá na cabeça de todos, menos dos responsáveis, que fugirão de Concorde a Paris ou Londres, baldeação da Suíça” (pg. 70).
É curioso ver a posição avessa ao nacionalismo e a defesa da fraternidade universal (pg. 71) por um homem que insistia nos seus artigos (como por exemplo, “41 anos de solidão”, Folha de S. Paulo, 9/7/1987), de estar só, de querer ficar só. “Preciso de uma certa solidão ocasional” (pg. 146) . “Me consideram um caso perdido, um pequeno burguês que tornou às origens, se acreditando o centro do mundo” (pg. 147) . “A vida não começa aos 40. Começa a terminar, se tivermos sorte de resistir tanto”(pg. 132) . Dá impressão de que Francis era um ermitão mal humorado, perfil que se completou com a sua participação na TV (jornal da Globo e Manhattan Connection na GNT). Mas Francis era amável e hospitaleiro.
O professor Machado avalia que ele transitava muito bem pela obra de Marx, desafiando os intelectuais e a academia. Essa sua habilidade na leitura começou cedo, aos 14 anos, lendo em média 6 horas por dia.
Dessa forma é acertada análise que ele faz na pg. 170 partindo de uma reflexão de Marx sobre o capitalismo que retrata a atual crise global: “Marx me parece ter previsto o fim do capitalismo. (...). O avanço tecnológico que abate custos e aumenta lucros levará à miséria a imensa maioria da humanidade. (...) O monstro do capitalismo, que se alimenta de sangue, morre de anemia, dos próprios excessos”.
Encerramos a sessão com Francis: “Só se desilude quem se iludiu” pg. 171.
Um comentário:
Diogo Mainardi é um merda! Paulo Francis vai pro céu!
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