Acontece que me canso de meus pés e de minhas unhas,
do meu cabelo e até da minha sombra.
Acontece que me canso de ser homem.
Todavia, seria delicioso
assustar um notário com um lírio cortado
ou matar uma freira com um soco na orelha.
Seria belo
ir pelas ruas com uma faca verde
e aos gritos até morrer de frio.
Passeio calmamente, com olhos, com sapatos,
com fúria e esquecimento,
passo, atravesso escritórios e lojas ortopédicas,
e pátios onde há roupa pendurada num arame:
cuecas, toalhas e camisas que choram
lentas lágrimas sórdidas.
Walking around. Do Neruda, o Pablo.
- Ô. Diz que eu fui por aí.
- Si, caminar siempre.
- Enquanto houver o ritmo, a métrica e o pé. Tchau.
- Hasta, Neruda.
Nara Leão - Diz que eu fui por aí
Fabiane Zambon é atriz, mas tem vergonha de divulgar suas peças. Designer multimídia mas tem vergonha de ser artista. Poetisa da hipermída, mas com vergonha de divulgar os rabiscos. Esqueça as indecições dessa libriana e leia mais textos zaizers no seu Loading Myself
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sexta-feira, 12 de junho de 2009
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2 comentários:
De libriana para libriana: deixe a vergonha de lado, guria! Suas poesias multimidia são tendência!
Devemos todos nos embrenhar na poesia multimídia?
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