domingo, 18 de janeiro de 2009

EZLN e Zapatismo: 8ª sessão do Clube de Ideias


O professor Teixeira assistiu ao filme “O Violino” de Francisco Vargas, fazendo grandes elogios para a fotografia, enredo e principalmente por retomar o tema da luta campesina no México.

Machado lembrou que em 1º de janeiro de 1994 levantava-se em Chiapas (México) a população camponesa indígena contra o Estado mexicano. Era o EZLN (Exército zapatista de libertação Nacional). Suas reivindicações: trabalho, terra, moradia, comida, saúde, educação, autonomia, liberdade, democracia, justiça e paz.

No mesmo ano começava a funcionar o NAFTA, afirma Vladimir. Foi a resposta do povo mexicano ao neoliberalismo que desmantela as redes de proteção social. Em Chiapas os camponeses viviam um estado de servidão permanente, reagindo às propostas de modernização que não levam em conta o homem. Era a vontade do sistema financeiro que globalizava a sua ação, devorando as economias periféricas.

O Subcomandante Marcos, líder zapatista, fala em 1998 num manifesto, sobre o final da guerra fria, por ele chamada de terceira guerra, diz o professor Teixeira. E do surgimento da 4ª guerra mundial, que utiliza uma nova arma: a bomba financeira, que destrói a polis e inflige à morte, o terror e a miséria aqueles que nela habitam. As hiperbombas financeiras servem para atacar os territórios (estados nações)

O Subcomandante Marcos usou o velho discurso revolucionário (“Porque combatemos”) para criar a sua estrutura de resistência ao abandono social do povo camponês, sem ser camponês, afirma Figueiredo.

Mas deu voz para os miseráveis que reagiam através da velha violência delinqüente. Aí a coisa começa a preocupar, porque não é o marginal que se rebela cometendo delitos comuns devido a sua condição social. Mas é o grupo social oprimido amparado por uma causa, uma ideologia. Mesmo originária do velho discurso esquerdista, consegue aglutinar as massas.

Veloso recorda que em 1998, o movimento que já tinha grande repercussão internacional, inclusive porque usava a internet, obteve o apoio de José Saramago que escreveu um artigo afirmando: “quando, há seis anos, as alterações introduzidas na Constituição mexicana, em obediência à ‘revolução econômica’ neoliberal, orientada do exterior e impiedosamente aplicada pelo governo, vieram por termo à distribuição agrária e reduzir a nada a possibilidade de os camponeses sem terra disporem de uma parcela de terreno para cultivar, os indígenas acreditaram que poderiam defender os seus direitos históricos, organizando-se em sociedades civis (...) foram sucessivamente metidos na cadeia (...). Levantaram-se com algumas armas, mas levantaram-se sobretudo com força moral”

O governo mexicano reage desde o início tratando o movimento popular como uma ameaça a segurança nacional, desta forma milhares de indígenas foram expulsos de suas casas e das suas terras por serem simpatizantes ou não da EZLN.

Por onde anda o Subcomandante Marcos? Pergunta Figueiredo.

No ano passado informa Vladimir, ele esteve presente em um encontro em San Cristóbal de Las Casas, no estado de Chiapas, Sul do México, que reuniu 3.000 simpatizantes. A reunião, denominada I Festival Mundial da “Raiva Digna”, coincide com o 15.º aniversário do levantamento do EZLN. O encontro estabeleceu uma nova estratégia: é a “guerra contra o esquecimento”. Nesses últimos anos os zapatistas tem lutado para mudar o sistema político mexicano, tendo por objetivo revolucionário a criação de um novo país, o que não implica na utilização da luta armada necessariamente.

Trata-se de um belo sonho, diz Figueiredo, mas pouco pragmático, visto que o México é um país tão complexo como o Brasil. Na Revolução de 1910(México) os operários não estavam muito dispostos a dar apoio a luta campesina de Emiliano Zapata. A classe média mexicana tem outros planos e a elite é claro não partilha desse sonho. Existe também o crescimento dos narcotraficantes com gangues extremamente violentas, enfim a luta zapatista pode se esvaziar.

Por isso que foi criada a “guerra contra o esquecimento”, afirma Vladimir. Terra é sinônimo de poder, por isso a luta do EZLN é significativa por chamar a atenção para as questões políticas do México.

O prof. Figueiredo diz que o minifúndio resolveria a questão da luta pela terra, mas sobre o ponto de vista dos agronegócios o minifúndio seria eficiente para alimentar o mundo?

Veloso chama atenção para a vida, os costumes dos povos Chiapas que vivem realmente da terra, comem e só. Nós queremos consumir, modernizar, tornar mais produtivo, assim às vezes passamos com os tanques sobre aqueles que destroem nossa crença no progresso definitivo.

Teixeira retoma as observações sobre o filme de Vargas e conclui que lutar pela terra é muito mais que ser proprietário. Porque terra significa lar: língua, sons, ancestrais, a razão para existir. A terra é o morro, favela, o campo, a minha casa, o meu espaço, a minha liberdade.



Jáder Marcos Paes Correto da Rocha

4 comentários:

Anônimo disse...

Arriba la revolucon! Arriba Sub-Comandante Marcos!

Unknown disse...

Por uma terra livre!
Abaixo as cercas elétricas!
beijos vermelhos

Anônimo disse...

Quero uma revolução feita com flores

Eleutherius disse...

Não há outra via de mudança social se não for com a revolução, digo mudança armada e do povo para o povo. Sim, todo grupo oprimido e revolucionário é um perigo a segurança nacional, e não pode perder esse caráter,pois sempre q a elite ouvir falar em revolução lembrará de sangue, de bens perdidos, de polvora, de desapropriação e sem duvida de guerra, de confronto e mortes...É o desespero de quem oprimiu ser oprimido. Não creio nas rosas, na ternura ao carregar uma arma. Dedo no gatilho, e pensamento frio, e a certeza de que nunca mais passara fome.