quarta-feira, 25 de março de 2009

Antônio Casamenteiro - Fabiane Zambon

Antônio Casamenteiro(Bobagem Assertativa de Passagem II)

No bar
- "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é", já dizia Caetano.
- Exato!

No táxi
- O caminho que for mais curto e rápido até minha casa.
- Farei o possível. Mas eu não posso encurtar o caminho. Ele existe assim, do jeito que é. Vou por este aqui, tudo bem?!
- Sim, pode ser. Não... espere! Vai por esse.
- Mas esse é mais longo.
- E não é o mais fácil. Digo quando parar. Se parar.
- Tudo bem...
- Já andou com passageiro assim?!
O taxista sorri.

- Nessa rua?!
- Sim. Pára. Ele mora aqui. O que eu faço?!
- Você vai descer aqui?
- Não sei. Estávamos entre amigos naquele bar. Queria ficar com ele, mas nem disse nada. Agora não sei é tempo.
- Entendi. Você é jovem. Solteira?
- Sim.
- E ele?
- Também.
- Então pode fazer dessas coisas! Peça para dormir aqui quando ele chegar. Não se arrependa, porque o tempo passa rápido.
- A vida que é curta.

- E então, moça?!
- Mais cinco minutos.
- Tudo bem.

- Por que não disse a ele que queria vir?
- Porque tive medo. Opinião dos outros.
- Não precisava. A vida é sua e não dos outros.
- É. Droga de dúvida! Ficou esse nó entalado. Pareço louca. Já teve passageira louca?
O taxista sorri.

- E se ele não vier, moça?!
- Só mais um tempo. Então, vamos embora.
- Tudo bem.

O taxista liga o rádio
Roberto Carlos - De que vale tudo isso?

- Gosta de Roberto Carlos?
- Espera. É ele! Vou lá. Me deseje sorte.
- Vai lá, menina. Boa sorte!

De volta ao táxi
- ...E então?!
- Bota. O caminho que for mais curto e rápido, por favor.
- Você é jovem, simpática, bonita. Não entendo ele, não...
- E maluca. Eu o entendo.
- É nada. Teve coragem de fazer o que sentia.
Disfarçando, ela sorri.

- Não fica triste.
- Ficar triste faz parte disso. Dói, depois passa. Que passe rápido...
- Não fica triste, não. Já amei muito. Casei sete vezes! Agora estou solteiro. Pois quer saber como é um casamento?
- Pois, fale.
- Casamento é assim: começa embarcando tranquilo na Paraíso e sai sufocado na Consolação!
Eles sorriem.

- Qual é o seu nome?
- Antônio! E o seu?
- Maria.
- Maria Aparecida?!
- Não. Maria Elena.
- Nome bonito.
- Que ironia. Você tem o nome de Santo Antônio. Justo o santo casamenteiro.
- Verdade, logo eu. Mas acho que se é assim é para dar conselho por experiência própria. Esquece esse que logo vem outros para você conhecer. E será muito amada, viu?!
- É?!
- Sim. Confie no que falo! Mas não se case por enquanto. Namore daqui, junte dali. Depois para separar é mais fácil.
- Livres assim.
- E assim que é.

- Chegamos! É aqui. O dinheiro.
- Espere! Balas do taxista para adoçar a vida.
- Não, obrigada, Santo Antônio.
- É uma delícia! Leve.
- É, levarei de leve.

*Agradecimos ao Antônio, o casamenteiro-santo-conselheiro-taxista.

Fabiane Zambon é atriz, libriana, designer multimídia e escreve textos zaizers no seu Loading Myself

=>Mande seus textos e viagens para clube.ideias@gmail.com

=>Leia outro conto de Fabiane Zambom aqui

7 comentários:

Ana Alice disse...

parabéns, pelas palavras e pela coragem.

Di Giacomo disse...

Bem legal o jeito de inserir lins e música num conto :-)

Tenho que começar a escrever pensando no meio também!

Di Giacomo disse...

links, quis dizer

Energizaizer's Corporation disse...

mas a ín-têr-nete é o fim.

felipe disse...

clubinho bombando. Preciso ouvir o editor e voltar a "entregar meu fígado em forma de letras"

Bárbara dos Anjos Lima disse...

Adorei!

Fanzine Episódio Cultural disse...

Olá, meu nome é Carlos Roberto de Souza. Sou autor do livro O anjo e a tempestade, publicado pela Editora Insanno (www.editorainanno.com ). Assino o livro como Agamenon Troyan.
Sou editor do Fanzine Episódio Cultural, um jornal sem fins lucrativos voltado exclusivamente à cultura. Está aberto para poetas, escritores, atores, atletas, músicos, compositores e outros...

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É um jornal bimestral sem fins lucrativos cujo objetivo principal é divulgar todas as manifestações culturais, e proporcionar um espaço gratuito para que as pessoas possam divulgar seus trabalhos.

B) Qual a tiragem?
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