Antônio Casamenteiro(Bobagem Assertativa de Passagem II)
No bar
- "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é", já dizia Caetano.
- Exato!
No táxi
- O caminho que for mais curto e rápido até minha casa.
- Farei o possível. Mas eu não posso encurtar o caminho. Ele existe assim, do jeito que é. Vou por este aqui, tudo bem?!
- Sim, pode ser. Não... espere! Vai por esse.
- Mas esse é mais longo.
- E não é o mais fácil. Digo quando parar. Se parar.
- Tudo bem...
- Já andou com passageiro assim?!
O taxista sorri.
- Nessa rua?!
- Sim. Pára. Ele mora aqui. O que eu faço?!
- Você vai descer aqui?
- Não sei. Estávamos entre amigos naquele bar. Queria ficar com ele, mas nem disse nada. Agora não sei é tempo.
- Entendi. Você é jovem. Solteira?
- Sim.
- E ele?
- Também.
- Então pode fazer dessas coisas! Peça para dormir aqui quando ele chegar. Não se arrependa, porque o tempo passa rápido.
- A vida que é curta.
- E então, moça?!
- Mais cinco minutos.
- Tudo bem.
- Por que não disse a ele que queria vir?
- Porque tive medo. Opinião dos outros.
- Não precisava. A vida é sua e não dos outros.
- É. Droga de dúvida! Ficou esse nó entalado. Pareço louca. Já teve passageira louca?
O taxista sorri.
- E se ele não vier, moça?!
- Só mais um tempo. Então, vamos embora.
- Tudo bem.
O taxista liga o rádio
Roberto Carlos - De que vale tudo isso?
- Gosta de Roberto Carlos?
- Espera. É ele! Vou lá. Me deseje sorte.
- Vai lá, menina. Boa sorte!
De volta ao táxi
- ...E então?!
- Bota. O caminho que for mais curto e rápido, por favor.
- Você é jovem, simpática, bonita. Não entendo ele, não...
- E maluca. Eu o entendo.
- É nada. Teve coragem de fazer o que sentia.
Disfarçando, ela sorri.
- Não fica triste.
- Ficar triste faz parte disso. Dói, depois passa. Que passe rápido...
- Não fica triste, não. Já amei muito. Casei sete vezes! Agora estou solteiro. Pois quer saber como é um casamento?
- Pois, fale.
- Casamento é assim: começa embarcando tranquilo na Paraíso e sai sufocado na Consolação!
Eles sorriem.
- Qual é o seu nome?
- Antônio! E o seu?
- Maria.
- Maria Aparecida?!
- Não. Maria Elena.
- Nome bonito.
- Que ironia. Você tem o nome de Santo Antônio. Justo o santo casamenteiro.
- Verdade, logo eu. Mas acho que se é assim é para dar conselho por experiência própria. Esquece esse que logo vem outros para você conhecer. E será muito amada, viu?!
- É?!
- Sim. Confie no que falo! Mas não se case por enquanto. Namore daqui, junte dali. Depois para separar é mais fácil.
- Livres assim.
- E assim que é.
- Chegamos! É aqui. O dinheiro.
- Espere! Balas do taxista para adoçar a vida.
- Não, obrigada, Santo Antônio.
- É uma delícia! Leve.
- É, levarei de leve.
*Agradecimos ao Antônio, o casamenteiro-santo-conselheiro-taxista.
Fabiane Zambon é atriz, libriana, designer multimídia e escreve textos zaizers no seu Loading Myself
=>Mande seus textos e viagens para clube.ideias@gmail.com
=>Leia outro conto de Fabiane Zambom aqui
quarta-feira, 25 de março de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
7 comentários:
parabéns, pelas palavras e pela coragem.
Bem legal o jeito de inserir lins e música num conto :-)
Tenho que começar a escrever pensando no meio também!
links, quis dizer
mas a ín-têr-nete é o fim.
clubinho bombando. Preciso ouvir o editor e voltar a "entregar meu fígado em forma de letras"
Adorei!
Olá, meu nome é Carlos Roberto de Souza. Sou autor do livro O anjo e a tempestade, publicado pela Editora Insanno (www.editorainanno.com ). Assino o livro como Agamenon Troyan.
Sou editor do Fanzine Episódio Cultural, um jornal sem fins lucrativos voltado exclusivamente à cultura. Está aberto para poetas, escritores, atores, atletas, músicos, compositores e outros...
A) O que é o Episódio Cultural?
É um jornal bimestral sem fins lucrativos cujo objetivo principal é divulgar todas as manifestações culturais, e proporcionar um espaço gratuito para que as pessoas possam divulgar seus trabalhos.
B) Qual a tiragem?
2 mil exemplares, distribuídos gratuitamente na região sul de Minas e em alguns países de língua portuguesa.
C) Qual a participação do leitor?
O leitor - seja ele artista ou não -, pode participar como colaborador enviando (via e-mail) poemas, contos, biografias, matérias de cunho cultural. Junto ao texto, uma foto para o seu perfil.
D) Quero ser colunista. O que devo fazer?
Basta mandar seus textos a cada dois meses. Você pode dar um nome à sua coluna se quiser.
E) Onde encontro na Internet?
Acesse o site www.portaldemachado.com para baixar as últimas edições em arquivo pdf.
Contato:
Carlos Roberto de Souza
(35) 3295-6106 (Machado-MG)
machadocultural@gmail.com
Visite os sites/blogs
www.myspace.com/tarokid2003
http://www.fanzineepisodiocultural.blogspot.com
Revista do Cinema Machadense (my cinema magazine)
http://www.youtube.com/watch?v=msoR2iUr-8M
Meu (my) Orkut:
http://www.orkut.com.br/Profile.aspx?uid=5139852101387050511
Postar um comentário