quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Poema - Eleutherius

Na rotina cansativa, no exausto dia de labuta, no cinza do cotidiano é impossível haver poesia,
Na angustiante margem do caminho certo e previsível,
Na ansiedade da mudança repentina, espero...
Assim não há surpresa que me faça sorrir, não há coincidência que me faça chorar,
Nesse jardim plantarei algumas flores, essas que irão colorir meu casamento e meu funeral,
Com o tempo as pétalas cairão da beleza ao pó.

O meu espírito não se encontra em lugar ermo,
Do contrário ele sabe muito bem da sua condição, com quem está,
A solidão é apenas uma fase passageira...Um retiro do qual entramos em transe profundo e avaliamos nossas atitudes perante a vida.
Suas mãos que envolvem meu corpo acariciam minha face ao passo que rasgam minhas anotações, poesias e memórias,
Só há poesia na dinâmica dos sonhos, na boemia, nas cores da breve existência.

Gilvan, vulgo Eleutherius, foi baterista da banda Militantes, cantou rap, participou do movimento estudantil em Penápolis e faz poesia no blog Cicatriz Urbana

=>Mande suas idéias para clube.ideias@gmail.com

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Há um passo da porta - Cecilia Di Giacomo

"Há um passo da porta
E onde foram
Parar os
meus pés?"
______________________________________________________________
"Feijão com arroz
O que vem depois ?
Feijão com arroz
O que vem depois?
feijãocomarrozfeijãocomarrozzzzzzzzz
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz"

Arte e poesia de Cecília Di Giacomo

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Eva sangra - Ana Alice

Eva sangra
E a culpa é toda dela.
Ela menstrua
Cão que não veio, pela comida fora da panela.
Eva está grávida de si mesma, e a culpa é toda dela.
Apedreja, vai. Eva não fecha a janela.
Ela abre seu ventre até que ele amarela.
Aproveita pra cuspir tudo aquilo que você detesta nela.
Não há reação, ela ouve sentinela
E ainda pára pra pensar!
Mas a culpa é toda dela.
Todinha, todinha, doidinha dela!

Ana Alice Gallo nasceu em Ribeirão Preto, vive em São Paulo e, além de escrever poeminhas bacanas, a menina é baterista e jornalista. Ela toca nas bandas Milhouse e Liga das Senhoras Católicas. Você pode ler mais textos dela no brog Credencial Tosca.

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sábado, 27 de dezembro de 2008

Espelho - Frico

“O Espelho”

sou

sombra,

Reflexo,

Verso.

Desse lado

inverso.

Reflexo

de sombra

sou

“ohlepsE O”


Frico Giacomo ataca com poesias punk brega e memórias de um looser aqui

Sketchbook - Gabriel Gianordoli

Capixabas dominam o Clube de Idéias! Com vocês mais algumas ilustrações retiradas do sketchbook do designer e guitarrista Gabriel Gianordoli:


Delivery - Karol Felicio

- por Karol Felicio


Um brinde às paixões instantâneas


Das salas de consultório
Das mesas dos bares
Dos coletivos
E das calçadas


Um brinde às paixões de muitos olhares e poucas palavras
Ah como são leves, são fortes, livres e eternizadas pelo momento!
Um brinde a elas que ardem e não queimam, àquelas que não completam o ciclo, não discutem a relação e não morrem.


Um brinde com champagne ao drive thru!

Karol Felicio e jornalista e crava suas poesias no blog: http://paguquemepariu.blogspot.com/

Faça como a Karol e mande suas poesias para clube.ideias@gmail.com


Crise Econômica - 5ª sessão do Clube de Idéias

Professores associados: Jáder, Machado, Vladimir, Teixeira, Figueiredo e Veloso.

As incertezas econômicas levam a especulações para o próximo ano e desta forma o professor Teixeira inicia a nossa discussão natalina afirmando que mesmo a volatilidade da taxa de câmbio, ainda elevada, reflete em parte a incerteza global, de modo que não deve se perpetuar como justificativa para uma taxa de juros que não é capaz de atrair capitais gera custo fiscal desnecessário e punição da atividade.

Veloso acrescenta afirmando que além de não estar havendo fuga dos investidores individuais do mercado acionário, o crescimento registrado neste ano é bastante significativo. Em dezembro de 2007, havia 456,5 mil investidores individuais cadastrados na Bolsa. Ou seja, mesmo neste ano, marcado por uma forte crise, houve um aumento de 20% no número de participantes do mercado acionário doméstico.


O professor Figueiredo cita alguns indicadores: O índice de preços no atacado disponibilidade interna (IPA-DI) saltou 6,99% em fevereiro de 1999. Em novembro deste ano, apurou deflação de 0,17%. Há sinais de que o repasse da alta do dólar para a inflação, desta vez, inexiste. Ou seja, a inflação está sob o controle até agora.

Vladimir lembra que um fato fundamental é o de que os enormes pacotes de ajuda aos bancos não serviram muito à economia. As instituições de empréstimos que receberam fundos públicos devem usar esses fundos para emprestar. Os bancos estão armazenando capital e comprando outros bancos, em vez de emprestar a quem precisa de crédito. Logo não se resolve o problema. Os bancos por sua vez alegam que tem interesse em reduzir os spreads e manter a expansão do crédito. O problema é como viabilizar essa redução das margens em meio ao aumento dos custos de captação de recursos e à redução na demanda por crédito.

Machado intervém dizendo que o impacto da crise, que começou na esfera do crédito, é visível nos pátios lotados das montadoras, nos armazéns das indústrias de aço, papel e celulose, produtos químicos e até nos depósitos das fabricantes de máquinas. Em apenas um mês, de outubro para novembro, dobrou o número de indústrias que carregam estoques excessivos, revela pesquisa da Fundação Getulio Vargas.

Nos Estados Unidos, onde a crise subprime dava sinais já em 2007, levantamento divulgado na semana passada revelou desaceleração nos contracheques. A remuneração do alto escalão subiu em media só 7,5% em 2007, menor taxa dos últimos seis anos. Logo, aqueles que ainda tiverem empregos terão redução de salários.

Fato relevante lembrou Veloso, foi a reflexão feita por analistas sobre se a crise internacional não derrubará a renda da população e acabará diminuindo o consumo de papeis sanitários no país , visto que o Brasil é o 2º pais do mundo em crescimento de consumo de papel higiênico. Esse desempenho pode ser atribuído à redução do imposto inflacionário, á elevação do salário mínimo e a mudanças no perfil da política sanitária.

Utilizamos a linguagem econômica publicada pelos periódicos ao longo dessa semana, para ver se através das palavras, da sua arqueologia, seria possível vislumbrar alguma saída. Então mergulhamos nossas frustrações em copos de Black Label, sempre com a moderação típica dos epicuristas.

Jáder Marcos Paes Correto da Rocha

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Paratodos - Frico

por Fricoi Giacomo

Que belo natal foi aquele,
No mais simples dos dias,
Em que ao invés de presentes,
Foram trocados palavras e poesias

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Arte - Cecília Di Giacomo


Universo fantasmagórico do consumo

por Gilberto Barbosa dos Santos

Muito se tem discutido sobre os rumos e os caminhos a serem percorridos para que a sociedade se transforme e a realidade de muitos deixe de ser fantasmagórica, todavia, vários dos argumentos passam pela esfera política e como o poder está constituído no mundo global de mercadorias.

Quais são as alterações possíveis e capazes de alterar o rumo das coisas? Não adianta achar que tudo será feito com um toque da “varinha de condão” das fadas encantadas que povoaram o mundo abstrato de muitas crianças mundo afora.

A questão é mais complexa, tendo em vista que os homens, a cada dia que passa, ficam mais encastelados em seus micro-mundos se divertindo com seus brinquedos eletrônicos, enquanto do lado de fora dessas masmorras, a sociedade se digladia em busca de um quantum de alimento para aplacar o ronco do estômago de milhares de famintos e desvalidos.

Para resolver essas questiúnculas que assolam a humanidade há algum tempo, muito papel, livros, teses e dissertações foram escritas, todavia, de pouca validade, tendo em vista que o ser humano continua acumulando, acumulando, enquanto outros jazem em seus leitos fétidos sem um mínimo de comida para aplacar a sanha estomacal.

Mas será proibido acumular? Será que tentar obter lucros das transações comerciais é crime? Responder essas duas interpelações não é fácil, em função da miríade de realidades existenciais espalhadas pelo orbe terrestre. Entretanto, é possível apontar caminhos, como por exemplo, o desenvolvimento de uma ética racional de solidariedade. Se os homens conduzem seus negócios para um determinado fim, qual seja auferir melhores dividendos, também é possível dar os primeiros passos em direção de uma sociedade melhor, sem ser necessário, abandonar a visão acumulativa, própria da sociedade capitalista.

A lógica do próprio sistema vigente hoje, não permite que muitos financistas vislumbrem essa realidade, pois, a visão está encoberta pelo mundo das mercadorias que, a cada dia, transforma os homens em produtos com capacidades de consumirem outras quinquilharias que devem ser descartadas na manhã seguinte.

A problemática ganha importância quando o ente se depara com uma situação complexa, já que ingressa em uma realidade disforme na medida em que diz a ele que somente existirá se participar do universo fantasmagórico do consumo e, a partir daí, é possível detectar duas realidades distintas: uma interna e outra externa.

A primeira nem sempre é muito clara para os participantes, pois estão dominados pela segunda visão: a externa, que pode ser observada do ponto de vista do “outro”: “como o meu semelhante está me enxergando?” “Preciso estar no pedestal para que ele possa me ver, do contrário, não existo”. Essa reflexão pode ser traduzida da seguinte forma: há uma aparência e uma essência em que a segunda é subsumida pela primeira.

A tarefa parece ser complexa para os homens acostumados a acordarem de manhã e vislumbrarem o dia como mais uma possibilidade de se ampliar o quinhão monetário e o saldo da conta bancária. Todavia, a questão é simples: não precisa abandonar essa visão, tendo em vista que muitas pessoas dependem desse profissional arrojado, mas não é necessário deixar de lado práticas ensinadas pelos pais: respeito ao próximo. Imanuel Kant em seu livro “Fundamentação para a metafísica dos costumes” afirmou que a conduta do homem deva ser tal qual possa ser universalizada, ou seja, não se pode exigir respeito se a prática não for uma constante na vida do proponente.

Por outro lado, há aqueles que acham que essa prática se aprende na escola. Parece-me um equivoco se pensar assim, pois as unidades educacionais devem ser vistas como locais instrutivos, em que os alunos recebam informações importantes para a vida futura. Agora, o meio em que se aprende a viver em sociedade deve ser o lar, primeira sociedade com a qual o homem trava suas primeiras relações sociais.

Gilberto Barbosa dos Santos, 39, sociólogo e professor da FASSP e do colégio ZETA.
gilbertobarsantos@bol.com.br

Faça como ele e mande seu texto para clube.ideias@gmail.com

Phalus - Cecilia

Obra da artista Cecilia Di Giacomo.
Feliz Natal! Ho,Ho,Ho


domingo, 21 de dezembro de 2008

Miscigenação: 4ª sessão do Clube de Idéias

Professores associados: Jáder, Machado, Vladimir, Teixeira, Figueiredo
e Veloso.


Somos um país multirracial? Indaga Figueiredo. Existe sincretismo étnico? Quem ganha com o discurso das diferenças étnicas? Novas indagações dos velhos associados.
Machado intervém, confirmando a miscigenação e o multiculturalismo do povo brasileiro, lembrando o nascimento e transformação de Macunaíma de Mário de Andrade: “... nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo e da noite (...). O herói depois de muitos gritos... entrou na cova e se lavou inteirinho. (...) Quando o herói saiu do banho estava branco... (...) E ninguém não seria capaz mais de indicar nele um filho da tribo... dos Tapanhumas.”

Mário foi genial, porque não estava preso a preconceitos e identificou o processo de miscigenação do povo brasileiro, dando prosseguimento à reflexão modernista de quem é o povo brasileiro.
O velho brasileiro é fruto de miscigenações, de povos que por sua vez quando chegaram por aqui (europeus, africanos, asiáticos) também eram filhos de outras misturas étnicas.

"Mestiço" de Cândido Portinari

Logo, políticas de cotas não têm razão de ser ou de existir, afirma Vladimir. Tentamos reduzir as diferenças socioeconômicas, corrigir erros do passado (a escravidão) de forma equivocada e populista, continua Vladimir, dessa forma são criados guetos étnicos, reforçando a diferença étnica ou racial. Esse era o discurso da classe dominante branca no passado com uma conotação racista.

Veloso lembrando Oswald de Andrade: “..., nós brasileiros, campeões da miscigenação tanto da raça como da cultura, somos a Contra-Reforma, mesmo sem Deus ou culto. (...). O que precisamos é nos identificar e consolidar nossos contornos psíquicos, morais e históricos”.
Culturas contra culturas, etnias contra etnias, são mais ameaçadoras do que uma agressão estrangeira, uma invasão. Uma guerra contra um inimigo interno é a implosão de um povo.

Jáder Marcos Paes Correto da Rocha

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Sempre Sinto - Karol Felicio

Sinto sono e saudade
Sinto daqui o cheiro do cabelo do meu irmão
Mas longe de casa tudo é tão tarde
Que mal dá tempo de pregar os olhos

Sempre de saída e sempre atrasada
E passo tantas horas cantando
Que não tenho tempo de lembrar
O quanto sinto falta

Sinto o cheiro de bolo no forno
E o falatório matinal na cozinha
Uma buzina me acorda
Meu destino ficou há ruas atrás

Sempre me falta um abraço
Que soneguei quando estava por perto
E percebi quando já estava um deserto
Nos quilômetros que no peito me apertam

Sinto tudo longe aqui dentro
O coração ta sem lugar para escorar
Sei que ainda fico um tempo
Mas sempre sinto que é hora de voltar.

poema da jornalista Made In Espírito Santo, Karol Felicio

domingo, 14 de dezembro de 2008

Feliz C* - Vídeo



Idéia da "instalação" de Fred, executada por Gabriel Gianordoli, gravada , editada e idealizada como vídeo por Thiago Lacaz.
Mas cu não tem acento, diz você. E Oswald de Andrade responde:

Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

Poesia Erótica e Massificação: 3ª sessão do Clube de Idéias

Professores associados: Jáder, Machado, Vladimir, Teixeira, Figueiredo e Veloso.

Um leitor anônimo das sessões do Clube de Idéias teceu o seguinte comentário sobre fala do professor Figueiredo (sessão de Abertura):

“massificação
s. f. 1. Ato ou efeito de massificar. 2. Característica das sociedades desenvolvidas, para as quais o nível de vida tende a assumir valores padronizados
Então seria impossível declarar, assim como Alberto Caeiro busca negar a subjetividade das coisas,que logo a massificação intelectual é a negação da própria massificação...um pensamento em comum nos une...logo nos massificamos.”

Para Figueiredo o comentário é falacioso. Massificação (v.t.d.) é o conceito que serviu para ele, expressar a sua descrença em levar as discussões para a sociedade, porque o povo massificado perdeu sua habilidade de pensar, de ser crítico. Para assegurar a nossa independência e a nossa sanidade, nos refugiamos no Clube, vacinados da massificação.

A arte existe porque a vida não basta dessa forma enveredamos para o mundo da arte erótica, afinal para nós sexo não é secretum nem pudendum. Foi o pharmakon que encontramos para tornar a semana mais suportável: meditar sobre literatura erótica.

O professor Veloso leu poema de Dioscórides:

“Estendida sobre o leito, Dóris, a de róseas nádegas,
me fez imortal na sua carne em flor.
Tendo-me preso entre as pernas magníficas, completou
com firmeza o longo percurso de Chipre,
a olhar-me com olhos langorosos:eles tremiam
e cintilavam como folhas ao vento,
até que , vertida a branca seiva de nós dois, os membros
de Dóris por sua vez enlanguesceram.”

Eu me lembrei de uma advinha medieval francesa que diz:

“P. Vamos dormir que já é hora,
fazer o que ninguém ignora:
pôr peludo contra veludo,
marmota bem dentro da grota.
R. São as pálpebras que se fecham quando se vai dormir.”

Machado recita Aretino:

“Hortênsia quis dar gosto ao seu amante
e o lugar mais mimoso do seu corpo
franqueou-lhe, mas o fez prometer antes
que do seu grande rabo só um pouco
ali poria. E eis que ele, não obstante
a promessa, no furor do gozo,
põe-lhe tudo no rabo. Ultrum Hortência
poderá acusá-lo de violência?”


Chegou a vez de Teixeira recitar evocando Jean de La Fontaine:

“Amar, foder: uma união
de prazeres que não separo.
A volúpia e os desejos são
o que a alma possui de mais raro.
Caralho, cona e corações
juntam-se em doces efusões
que os crentes censuram, os loucos.
Reflete nisto, oh minha amada:
amar sem foder é bem pouco,
foder sem amar não é nada.”

Figueiredo foi buscar inspiração na Alemanha do século XVIII, recitando Wieland:

“O jardinzinho bem fechado
todo mês de rosas ornado
onde o jardineiro se enfia
e cuida e rega noite e dia,
louvado seja !
O bom mineiro tão robusto
que em negro buraco, sem susto,
penetra e fura sem cansaço,
até acabar-se, ficar lasso,
louvado seja !

Encerrando a nossa sessão semanal, o professor Figueiredo recitou Régnier:

“A língua ontem me atraiçoou.
Conversando com Antonieta,
disse eu ‘Que foda!’ e ela, faceta,
fez cara de quem não gostou.
Muito embora comprometido,
Vi, pelo rubor do seu rosto,
que o que eu disse dava-lhe gosto,
mas noutro lugar, não no ouvido.”

Jáder Marcos Paes Correto da Rocha

sábado, 13 de dezembro de 2008

*O Tempo Passa(do) - Frico

O Passado é
tudo aquilo que tinha
escrito na primeira linha.

Frico é jornalista, baixista das bandas Milhouse e Cuecas Rosas, poeteiro, diretor de vídeos toscos e escreve no blog memoriasdeumperdedor.blogspot.com

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domingo, 7 de dezembro de 2008

Ecologia - 2ª sessão do Clube de Idéias

Professor Machado recita poema de Fernando Pessoa: “Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

(...)

Arre, estou farto de semideuses!

Onde é que há gente no mundo?”(Poema em linha reta)

Meu caro Machado vou atacar de Nietzsche: “Ecce homo” , logo crucifica-o, porque o homem se transforma em rebanho, simulacro de herói coisificado. Ainda pensando em Nietzsche, se sou um décadent, sou também seu contrário.

O semideus é a encarnação do homem idealizado pela cultura judaico-cristã, que objetiva a criação do homem perfeito, cópia de um deus onipotente, diz Vladimir. Essa cultura ancestral é completada pelo sistema atual que não permite falhas, angústias, imperfeições, completa Vladimir.

Já que vocês evocaram Nietzsche, diz Teixeira, permitam que eu cite uma passagem do “Ecce Homo”: “Os bons – eles não podem criar, eles são sempre o começo do fim – eles crucificam aquele que escreve novos valores em novas tábuas, eles sacrificam a si o futuro, eles crucificam todo o futuro dos homens!”

Sem a imperfeição, porradas , derrotas, frustrações não saberíamos da existência do belo, dos cheiros , da verdade. Não vamos nos refugiar na melancolia, mas sabemos da sua existência, sentimos e superamos como normalidade.

Machado cita, prosseguindo a discussão, versos de Carlos Drummond de Andrade:

“As lições da infância

desaprendidas na idade madura.

Já não quero palavras

nem delas careço.

Tenho todos os elementos

ao alcance do braço.

(...)

Já não dirão que estou resignado

e perdi os melhores dias.

Dentro de mim, bem no fundo,

há reservas colossais de tempo,

futuro, pós-futuro, pretérito,

(...)

Eles dizem o caminho,

embora também se acovardem

em face a tanta claridade roubada ao tempo.” (Idade Madura)

Mais uma correspondência do Dr. Maia chegou ao nosso clube, contribuindo para novas reflexões ambientais. Destacamos algumas passagens significativas:

“Ecologia é uma ciência embasada em Física. Portanto como diria o grego se soubesse português: Natural!

Para começar entender ecologia tem de ter entendido fluxo de massas, energia, reações químicas, biologia da reprodução e outras coisas.

O caso do escárnio dos transgênicos, cuja proibição/demonização interessa principalmente aos plantadores de soja americanos é gritante. E dá-lhe Greenpeace defendendo aqueles caras do hemisfério N que tem US$400 bi de subsídios agrícolas por ano (quase 2 bi/dia útil). É dinheiro que sai dos impostos dos produtos do Sul e/ou serviços que nos vendem e mantêm aqueles caras no bem bom. É transfusão de sangue do doente para o "atleta"!

Ou seja: a soja transgênica é muiiito mais "ecológica" do que a que eles querem... O problema é outro. Chama-se subsídio, indústria de alimentos/química e petróleo.

Fiquem tranqüilos o Co2 não vai esquentar porra nenhuma. Quem não fugiu da aula de física do primeiro ano sabe que o vapor d'água é o principal gás "do efeito estufa" e o CO2 liberado diariamente pelos vulcões constantemente durante os últimos 2 bilhões de anos (não é engano: 2 bilhões de anos) é mais de 50 vezes do que a emissão do co2 do petróleo que começou a ser liberado a partir de 1960... Por que não afundamos??? Por que o mar dissolve e vira sedimento que vira calcáreo que as placas tectônicas em meros 10 milhões (veja bem Milhões de anos uma escala 200 vezes menor ou mais rápida) recicla. Agora vem uma especiezinha besta e se acha no poder de acabar com isso! A espécie vai acabar como tantas outras e não fará a menor diferença! O clima esquenta e esfria violentamente desde sempre. O problema é que a nossa percepção humana do tempo é limitada.

O Homem tal como todas as outras espécies apareceu e vai desaparecer. Qual o problema?”

O professor Veloso que é defensor das causas do Greenpeace, defensor de José Bové e do protocolo de Kyoto, continua desconfiando dos transgênicos e defendendo que a intervenção humana no meio ambiente tem sido desastrosa. Figueiredo não concorda com Veloso e inclusive defende um PAC para a Amazônia, com uma abertura para o capital estrangeiro, por exemplo, para empresários da Indonésia. O professor Machado lembrou a importância do CO2 para os vários processos que se desenvolvem na Terra, como a fotossíntese, as características alcalinas das águas dos mares, etc. Desta forma estamos cientes (inclusive Veloso) da histórica emissão de CO2 e das variações de temperatura, que no último período glacial, elevou o nível do mar cerca de sete metros nas regiões tropicais. Vladimir lembra as medidas realizadas por Charles D. Keeling, que indicam variações anuais de CO2 como causas naturais, mas ampliadas com a queima de combustíveis fósseis.

Mais uma vez, Veloso lembra que a comunidade científica tem preocupações com a poluição global decorrente da emissão de gases como o dióxido de carbono, citando José Goldemberg: “Desde o início da revolução industrial... a quantidade deste gás já aumentou 30%, devendo dobrar... o que deve bastar para causar grandes alterações no clima.”

Não somos adeptos das teses religiosa/ambientalistas da catástrofe ecológica. Sabemos da luta pela sobrevivência e do mundo maravilhoso que a humanidade criou: humano, demasiadamente humano demais, logo trágico. Parece que a nossa opção foi pelo “instinto de morte”, porque percebemos que não somos nada no universo. Somos obra do acaso e egoístas! Assim concordamos com José Saramago, “a humanidade não merece a vida”.

Como o Dr. Maia sugeriu encerramos a sessão saboreando “Original” a beira da piscina, sob protestos do prof. Vladimir, que considera uma atitude pequena burguesa, porém como é prazerosa e pesa a sua formação epicurista apreciou com moderação.

Jáder Marcos Paes Correto da Rocha

sábado, 6 de dezembro de 2008

Hugs & Kisses - Clipe de Guilherme Amaral



O Nico - Guilherme Amaral - se formou em Rádio & TV na Unesp-Bauru e, entre outros trabalhos, foi um dos editores do lendário média-metragem "Guido deve morrer" dos Di Giacomo Brothers e hoje trabalha na TV TEM(afiliada da Globo).

Aqui ele mostra seu trampo de animação e direção no clipe "Hugs & Kisses" da banda Coffee Trip do ex-Cuecas Rosa honorário Pablo.

Você também faz animações? Manda pra gente! clube.ideias@gmail.com

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Um grande amigo...Saudade...

Logo depois que publiquei a colagem da Sabrina inspirada em uma frase minha sobre a morte do agitador cultural penapolense Carlão, comecei a conversar com o companheiro de Penápolis Gilvan, vulgo Eleutherius, que também tinha feito uma poesia em homenagem ao amigo. Achei que era válido colocar a poesia do Gilvan aqui, logo depois da colagem da Sabrina.

Um grande amigo...Saudade...
Por Gilvan

Na sombra taciturna da morte encontramos abrigo dos nossos arrependimentos,
Somos escravos do nosso próprio destino...
Companheiros de estrada, camaradas de luta, revolucionários estudantis,
Ébrios das madrugadas, o sereno era nosso lar, a sarjeta nossa escola,
Sonhos eram confessados, ao som do violão muitos amores eram exaltados,
Ao sabor do vinho muitas paixões eram esquecidas,
A cada trago do cigarro poesias se formavam...

No intervalo escolar sentíamos a leve brisa das manhãs em nossa face,
Cada festival era uma conquista, e cada livro era um sorriso,
Nos congressos, discursos exaltados, panfletos distribuídos, a fúria contra o sistema era nosso laço...
Lágrimas, lágrimas, lágrimas. Uma pausa.

Do abraço caloroso ao gelado do túmulo, do olhar carinhoso ao choro mais inquietante...

A ti, ofereço o mais gelado dos vinhos, o mais saboroso dos tragos, a poesia de Fernando Pessoa e Álvares de Azevedo... Um abraço de despedida e a certeza que nos encontraremos no equilíbrio natural das coisas. Dizer vai com Deus à um ateu é dizer: vai em paz com a sua matéria e descanse no profundo da solidão da morte.

Descanse seu corpo Guerreiro, poeta!

“Quando pararem todos os relógios
De minha vida e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,

Voltando a pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria Eternidade
A minha sombra há de ficar aqui! ”

Augusto dos Anjos.

Gilvan foi baterista da banda Militantes, cantou rap, participou do movimento estudantil em Penápolis e faz poesia no blog Cicatriz Urbana

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Vazio - Sabrina Barrios

"Ele foi um cara que viveu a vida. Fiquei triste quando soube da sua morte e ao mesmo tempo com uma puta vontade de fazer coisas legais e viver um pouco mais a vida(...)"

Esta colagem ai acima, foi feita pela designer gaúcha Sabrina Barrios. A Sabrina fez esta arte depois de ler um texto que escrevi no meu blog sobre a morte do Carlão.

Ela usou a frase destacada como inspiração pra criar o vazio dela.

O mais legal é que a Sabrina foi convidada recentemente para expor suas ilustras em Nova York. Massa, né? O trabalho dela completo você pode conferir no seu Flickr

Mas se ficar com preguiça, em breve a gente posta mais alguma coisa desta colarada aqui no Clube de Idéias.

(texto Fred Di Giacomo)