sexta-feira, 29 de maio de 2009

Mulheres I: Anjas Tortas - Frico Giacomo/Gabriel Gianordoli

Parceria arte/texto de Frico e Gabriel. 

_Nossa, não tem coisa mais feia que um pau mole...
_Verdade, não tem coisa mais broxante, né?
_Pau mole de namorado a gente até tolera, mas se for um cara nada a ver, é duro...
_É mole!
_ He, he, he, aquele negócio, pequenininho, todo enrugado…
_ Parece a cabeça de um peru, sei lá!

Riram.

Eram duas, uma chamava Luísa, e a outra Luísa. Eram amigas, desde o colegial. Uma tinha cabelos compridos e castanhos e a outra, cabelos curtos e loiros. Uma tinha olhos negros grandes e a outra, olhos verdes e pequenos. Uma tinha um metro e oitenta e a outra um metro e sessenta e quatro. Uma tinha namorado um cara chamado Alex, a outra namorava um cara chamado Alex. As duas sempre. Inseparáveis.

Luísa grande era poeta e Luísa pequena era jornalista. As duas tinham bebido alguns copos a mais de vinho e estavam muito felizes por se verem de novo. Moravam em cidades distintas. Desceram do carro de mãos dadas, estavam entrando em um bar. Vinham de um café onde a antiga turma tinha se encontrado.

_Você deu um selinho na Carol, lá no bar, né?
_Eu dei, por quê?
_Eu também quero, he he he. Você nunca me deu um selinho...
_Que, que tem, Luisa?
_Me da um agora?
_ Aqui, no meio do bar?
_É, eu quero um beijo, agora!
_Tá, bom.

Luísa pequena encostou os lábios na boca de Luísa grande, meio sem jeito, e deu um beijinho estalado. As duas riram embriagadas. Luísa pequena tinha conflitos e dúvidas sexuais. Luísa grande gostava de homens, mas já tinha transado com outras meninas.

Ana tinha cabelos vermelhos como fogo, pele branca coberta de sardas, bunda grande, coxas grossas. Vinha de São Paulo, universitária. Conheceu Alex num dia qualquer: Ele caçando mulheres de asas, com rede e chapéu de explorador, e ela voando pelo mundo livre. Um dia, ficou trancada pra fora da casa. Eram vizinhos. Tocou a campainha. Pediu pra ficar ali até que suas colegas chegassem. O moço era psicólogo, recém formado. Estava desesperado atrás de uma fada. Olhou Ana de cima a baixo, tinha um belo corpo e asas vermelhas com sardinhas. Talvez fosse uma fada disfarçada. Não podia saber. Conversaram a noite inteira.

Aquele ritual foi seguindo, noite após noite. Ana parecia ser uma menina inteligente que se interessava por música e poesia. Também gostava de ver revistas de mulheres peladas e ir a bares gays. Tinha um anel de virgindade, uma espécie de pacto com a mãe de que só transaria depois de casada. Dizia que era uma coisa na qual acreditava. Pertencia a uma igreja americana, mas tinha jeito de quem não tem religião alguma. A não ser pelo tal anel de virgindade, Ana transbordava sensualidade pelos poros, em uma contradição provocante. Gostava de abraçar, falava segurando a mão e olhando nos olhos. Comentava de sexo com desenvoltura. Contou que um dia passou por um trauma e perdeu a memória de um ano.




A duas brigando pela última vez, lágrimas nos olhos da mais nova. “O homem que eu mais amei em minha vida foi ELA”. Tinham conhecido-se em uma noite tocando piano. X era técnica pura, Y improviso. As duas se revezavam a quatro mãos. X tinha namorado quatro garotas. Y beijava as amigas por diversão. As duas descarregavam toda a tensão sexual naquele piano. Bebiam vinho e conversavam sobre Chico Buarque e poesia.

Y levantou-se e foi até a cozinha pegar mais vinho. Seco, só tomava tinto seco. X foi atrás, cabelos esvoaçantes, corpo cheirando libido. Encontrou Y tomando seu vinho tranqüila, encostada na pia. Beijou-a. Y a afastou, olhou com uma cara de dúvida. X atacou-a de novo, agora com mais vontade. Os braços envolventes, as mãos explorando o corpo pequeno de Y. Tocou lhe na vagina, por baixo da saia. Molhada. Afastou a calcinha com os dedos e passou a estimular o ponto sobressalente. Gemidos abafados. Tinham medo que alguém ouvisse. Y estourou num orgasmo contido. X gozou só de vê-la daquele jeito. “Como nenhum homem jamais havia feito se sentirem antes!”

X e Y namoraram um ano. Y buscava X todos os dias na escola. X queria casar com um homem e ter filhos. Y transava com o melhor amigo de vez em quando. X sentia-se traída quando Y chegava em sua casa com cheiro de sexo no corpo. Cheiro de testosterona. Y sentia-se frustrada por X planejar um pacato futuro com um homem e crianças. Achava hipocrisia. Terminaram numa tarde ensolarada, em um passeio pelo museu de arte. Y partiu sem dizer nada. X engoliu as lágrimas e as transformou em câncer.

Alex olhou Ana nos olhos e beijou-a. Ela fechou a boca. Não queria, disse que ia magoá-lo. Ficaram nesse jogo por uma semana. Ele tentava e ela refutava. Dava beijo de novela, selinho, passava sua língua na dele. Era um jogo de sedução acirrado. Alex amava Luísa pequena, porque sabia que ela era uma fada. Só que não conseguia conversar com a moça. Sentia-se de novo no ginásio, cheio de espinhas e tímido. Quando desistiu de Luísa pequena, Ana entrou por sua porta pedindo pra ficar.

Um dia Ana cedeu e os dois passaram a viver juntos. Ela não saía de sua casa. Dormia lá e eles ficavam horas se esfregando. Ela gostava de lutar na cama. Ele tinha que domina-la e isso o excitava muito. Não passavam do ponto X por causa do anel de virgindade. Um dia Ana falou que tinha namorado várias garotas e só era virgem de homens. Ela dizia que Alex tinha cílios de uma mulher e um jeito feminino. Alex ficou perplexo e foi a uma festa com Ana. Luísa pequena estava lá. Tinha tomado um ecstasy. Ele largou Ana e foi atrás de Luísa. Os dois beijaram-se.

Já fazia tempo que Luísa pequena e Alex não transavam. Ela não conseguia gozar e não sentia vontade de fazer sexo. Gostava de visitar Luísa grande e as duas ficavam bem abraçadas uma com a outra. Conversavam sobre tudo e Luísa pequena sentia-se bem. Às vezes Luísa grande pedia-lhe um selinho e Luísa pequena dava. A mãe de Luísa pequena tinha medo que a filha fosse lésbica e ficava feliz quando a menina arrumava um namorado.

Ana só tinha amado um homem na vida. Era Alex. Alex só tinha amado uma mulher na vida. Era Luísa pequena. Luísa pequena achava que nunca tinha amado ninguém, mas gostava de Luísa grande. E gostava um pouco de Alex.


Naquela noite tentaram mais uma vez. Sem camisinha. Alex colocou dentro, e ela começou a se empolgar, ficou com vontade de gozar. Mas na hora, lembrou que estavam desprotegidos, teve medo e broxou. Pediu desculpas para o rapaz. Ele virou pro lado, acendeu um cigarro e desceu até a garagem para pensar na vida. Não entendia as mulheres. Nenhum homem entende as mulheres. A culpa do lesbianismo no mundo devia ser dos homens. “A gente nunca faz uma mulher gozar de verdade”. “A gente nunca faz uma mulher gozar de verdade”... Luísa pequena sentiu-se aliviada por Alex descer. Não gostava de ver um pau mole. Levantou-se e foi até a geladeira. Apanhou uma maçã e ficou comendo o fruto do pecado, completamente nua. Tinha um belo corpo. Era pequena, mas tinha seios e nádegas fartas, cintura marcada. Tinha um belo corpo de bailarina. Viu a porta entreabrir-se.

Naquela noite, Ana sentia-se só. Resolveu ir até o apartamento de Alex. Abriu a porta e viu Luísa, nua, comendo uma maçã. Conheciam-se de vista. Ana tinha ciúmes de Luísa, mas naquela hora não viu Luísa, viu Y. Olhou seu corpo de baixo pra cima. Partiu pra cima dela, com classe. Sabia dominar uma mulher. Usava sua língua como nenhum macho sonhava. A maçã rolou, vermelha, pelo chão. Luísa pequena fechou os olhos e deu um sorriso. Ali, Ana parecia Luísa grande. Eram duas mulheres lindas, rolando pela sala da casa. Ana dominava Luísa pequena. Esta tirava a roupa de Ana: camisa, jeans e calcinha preta. Ficou fascinada com seus pelos pubianos vermelhos. Quis tirar uma foto. Luísa pequena era jornalista e sempre andava com sua máquina fotográfica. Ana fez pose e depois beijou seu corpo inteiro, os dedos dos pés, as batatas das pernas, as coxas... Sua língua tateava o corpo da outra como se cada parte fosse a mais importante. A pele de Luísa pequena era macia como seda e a língua de Ana a fazia arrepiar. A parte interna das coxas e a vagina, até Luísa gozar. Depois passou para barriga, seios e quando chegou na boca as duas já se amavam. Deram um beijo forte e intenso que durou alguns minutos. Ai, Luísa pequena já sabia o que era amor e se libertou por completo. Partiu para cima de Ana e as duas ficaram lutando ali no chão por anos luz seguidos. “A camisinha e o tempo são invenções do Homem” pensou Luísa pequena. “A camisinha e o tempo são invenções do homem, com h minúsculo” corrigiu Ana. E as duas eram mulheres, ponto! Venceram preservativos e ampulheta. “Transar sem se preocupar com camisinha e tempo é bem melhor” concluiu Luísa pequena.

Alex sentia-se um ignorante em relação às mulheres. Ana achava que ele tinha jeito de mulher. Mas ele tinha pau, e quando ficava mole era feio. Ele estava triste e tinha medo que todas mulheres que se envolvessem com ele virassem lésbicas. Tinha largado Ana por dois motivos: medo da responsabilidade de transformá-la hetero e amor por Luísa pequena, mas agora parecia que Luísa pequena estava seguindo o caminho inverso. Os dois nunca tinham tempo. Estavam sempre correndo contra o relógio e isso atrapalhava sua vida sexual. Alex tinha que resolver os problemas de seus pacientes e Luísa pequena tinha que tirar milhares de fotos para o seu jornal. Um analisava a vida e a outra retratava a vida, mas nenhum dos dois tinha tempo para viver a vida.

A porta da sala se abriu, mas as duas nem se importaram, pareciam um Ying Yang vermelho e amarelo, com uma cabeça de cada lado. Alex ficou estático: não sabia se chorava ou gozava. (29/06/05).

Frico tenta convencer Gabriel Gianordoli a ilustrar suas palavras desde que se conheceram em 2006, na editora Abril. Os dois montaram uma banda juntos, mas só conseguiram realizar a parceria arte/texto, quando o fã de Manara, Gabriel falou que gostaria de ilustrar um "conto erótico" e Frico, fã de Henry Miller, desenterrou essa história de 2005, retrato das mulheres que povoam e atormentam nossos inconscientes.

=> Queremos seus textos e suas ilustrações! Manda pra clube.ideias@gmail.com

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Meu poema de Amor - Karla Jacobina

Beijo é brinde
meu amor machuca
não porque é meu
mas porque é pai
que cinta e educa

meu amor cicuta
me menstrua
e me arapuca
crina de navalha
ventre de cumbuca

meu amor cutuca
peito de vidro
com vara curta
meu amor amputa
perna de saci
e abraço de cuca

meu amor prostituta
sem nome na faixa
panetone na caixa
aliança na puta

meu amor machuca
não porque dói
porque não assopra
não sara nem luta

porque dó quem
dá é viola
meu amor batuca
maracatuca

dá o que flor
meu amor gruta

doa em quem doer
doa pra quem doar

porque amor
não é garupa




Karla Jacobina é uma jovem escritora. Com o apoio da prefeitura de São Paulo, ministra uma oficina de literatura e artes integradas, no Centro Cultural Tendal da Lapa. A característica mais marcante em seu trabalho é impedir que o texto morra no papel: "O papel não é uma morte, mas é uma cama, confortável demais para os meus textos" Além de escrever, Karla atua, dança e toca. Mais informações na página oficial da artista




segunda-feira, 25 de maio de 2009

New York - Sabrina Barrios

-Tava atrás das colagens da Sabrina? Clica aqui!

Lá em dezembro a nossa colaboradora Sabrina Barrio avisava "see you soon, NY!" Agora ela está lá com a cara e a coragem, só esperando as galerias de arte descobrirem-na. Está visão da megalópole é dela.
Sabrina Barrios é ilustradora e designer original de Santa Maria - RS, tchê. Colorada faca na bota acabou de se mudar para Nova York. Mais design, colagens, formas e cores no Flickr da moça.

=>Mande também suas fotos pra gente, clube.ideias@gmail.com

-Ilustrações de uma galera foda

sábado, 23 de maio de 2009

O céu da boca - Cidadão das Nuvens

O céu da boca é finito.
Preto quando a gente cala
poema, bronca, grito;
Vermelho quando a gente fala.

A língua... a língua é o chão
que sobre o céu da boca chove.
Terremoto? Há: Emoção ! –
Quando a sua sobre a minha se move...

Renato Silva é um estudante de letras, está formando um grupo de poetas em sampa, ama o São Paulo e torresmo com cerveja. Não acredita no homem em si, mas crê na humanidade. Adora que o chamem pelo nome, mais ainda quando pelo "codinome": Cidadão das nuvens. Você pode ver mais poesias dele no seu blog


=>Faça como como o Renato e mande suas poesias para clube.ideias@gmail.com

-Leia mais poesias aqui

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Intocável Amor - Produção de Moda: A.Czarnobai

Quem nos mandou esse editorial de moda foi a Andressa Czarnobai, responsável pela produção de Moda junto com Cecília Soares e Gisele Miyagushico e também pelos acessórios, confeção dos colares e da bolsa de veludo.

O trabalho chama "INTOCÁVEL AMOR", baseado na história do seriado Pushing Daisies. Foi um trabalho para o curso de Moda da FMU, eleito o melhor trabalho de 2008, pelos alunos da faculdade, e está exposto com todos os outros trabalhos no espaço Reserva Cultural na Av. Paulista nº 900, São Paulo -SP .
O fotógrafo foi o Vladimir Fernandes. Quem cuidou do estilo foram Edimar Vieira Sandoval e Michelle Yukari. A produção ficou com Jacqueline Abreu e o cabelo foi a Karin Martins. O make é do Marcelo de Lucena e por fim os modelos são Demétrios e Vanessa Brun( Way Models)
=>Faça como o pessoal da FMU e manda suas fotos, ilustrações ou poesias para clube.ideias@gmail.com


Estreando nossa seção de fotos um trabalho dos alunos da FMU:

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Meu pedaço - Karol Felicio


É tão afinado que não se te sigo ou me deixo fluir
É tão perfeitinho que não sei se existe ou fui eu quem pari
É tão combinado que eu já não sei quando é moda
- como “bolsa e sapato” –
Ou se hoje eu queria andar nu e descalço para me sentir livre,
como quando nasci
- mas deve fazer frio assim -
É tão óbvio, certeiro, fácil
É pré-moldado, sob medida, encomendado
É tão inacreditável
Que eu fico a me perguntar
Será que o nosso amor existe
ou foi só uma farsa que eu consenti?
É que quando acordo eu não sei se sonhei ou vivi
É que quando juro eu já não sei se menti
E eu já não sei se fico para o parto ou prefiro partir
É que eu tinha um buraco no peito
Era gelado e doía
- que tilintava -
Você veio ser o pedaço que faltava
Eu aceitei
- nada custava –
Agora já não sei se existo se não for assim

-Leia mais poesia aqui!

Karol Felicio é mulher e sabe o que quer. Filha de Pagu, jornalirista made in Espírito Santo gosta que devorem suas poesias(indigestas ou não) aqui ou em seu blog. Com garfo e faca ou com as mãos.

=>Envie seus textos para clube.ideias@gmail.com

=>Mais poesias da Karol aqui

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Drogas - Frico

-Tá afim de ler mais poesia? Clica aqui!

Já tomei cerveja, pinga e conhaque
Tracei whiskey, vodka e Prozac

Azpraz, marijuana, lança perfume
Bolonha, haxixe e estrume

Novelas, tequila, absinto
Sermões, pornografia e sinto

Ainda sinto a mesma dor que me mantém ligado
Não consigo dormir, não fico parado

Não vou me matar, não vou desistir
Não vou enlouquecer, nem deixar de sorrir.

Sou igual a todos na doença e na glória
Minha única diferença é minha memória.

Não esqueço um segundo as dores do mundo.
Insisto em dar luz a este existir vagabundo

Frico Giacomo, jornalista, blogueiro, baixista e escrevinhador. Suas drogas favoritas são a cerveja gelada e os filmes pornôs da Rita Cadillac. Mais rabiscos do Frico no blog Punk Brega

=>Mande sua poesia pra gente também! Escreva para clube.ideias@gmail.com

domingo, 17 de maio de 2009

Sem ideias: 21ª sessão do Clube de Ideias

Penápolis, 17 de maio de 2009.

Professores associados: Jáder, Machado, Vladimir, Teixeira, Figueiredo e Veloso.


Sem “idéias”, os membros desse clube copiando Saramago, que lembrando de Cícero diz: “Até quando, ó Berlusconi, abusarás da nossa paciência?”

Por extensão afirmamos : Até quando, ó Congresso Nacional, Violência Urbana, etc, abusáras da nossa paciencia ?”

Os membros do clube resolveram contemplar e não falar .


Jáder Marcos Paes Correto da Rocha

=>Nós queremos suas ideia, mané! Manda pra gente em clube.ideias@gmail.com

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Mestre Mingus - denisdme

Além de colorir nossas paredes virtuais com suas colagens e ter feito nosso belo topo, a designer Sabrina Barrios também é nossa caça-talentos. Foi ela quem indicou os trabalhos do Denis pro nosso anárquico clubinho.
Mestre Mingus
Aqui o nosso recorte foram trabalhos do artista com referências ao jazz, mas denisdme tem obras variadas, não só na temática como nas técnicas que incluem grafite e aquarelas. Veja mais trabalhos fodas dele no seu Flickr.


Trompete


O paulista Denis Rodrigues de Freitas, 24 anos, quase nunca separa a vida da arte: ganha dinheiro como designer e ilustrador e, nas horas vagas, se enfia em seu ateliê em Santo André, onde mora, para experimentar técnicas de serigrafia, foto, impressão e texturas.

Há 10 anos, Denis faz graffitis nas ruas de São Paulo e da região do ABC, usando uma linguagem inspirada na caligrafia e na arquitetura gótica. Na maior parte de suas obras, escreve a sigla "DME", que aparece distorcida ou adaptada ao seu estilo, uma tentativa de abstraí-la do trabalho.

=>Queremos sua arte! Mande suas ilustras pra gente! clube.ideias@gmail.com

Ato contra o AI-5 Digital

Republicado direto do blog de Sergio Amadeu . Em breve voltaremos a programação normal



A Internet é uma rede de comunicação aberta e livre. Nela, podemos criar conteúdos, formatos e tecnologias sem a necessidade de autorização de nenhum governo ou corporação. A Internet democratizou o acesso a informação e tem assegurado práticas colaborativas extremamente
importantes para a diversidade cultural. A Internet é a maior expressão da era da informação.

A Internet reduziu as barreiras de entrada para se comunicar, para se disseminar mensagens. E isto incomoda grandes grupos econômicos e de intermediários da cultura. Por isso, se juntam para retirar da Internet as possibilidades de livre criação e de compartilhamento de bens culturais de de conhecimento.

Um projeto de lei do governo conservador de Sarkozi tentou bloquear as redes P2P na França e tornar suspeitos de prática criminosa todos os seus usuários. O projeto foi derrotado.

No Brasil, um projeto substitutivo sobre crimes na Internet aprovado e defendido pelo Senador Azeredo está para ser votado na Câmara de Deputados. Seu objetivo é criminalizar práticas cotidianas na Internet, tornar suspeitas as redes P2P, impedir a existência de redes abertas,
reforçar o DRM que impedirá o livre uso de aparelhos digitais. Entre outros absurdos, o projeto quer transformar os provedores de acesso em uma espécie de polícia privada. O projeto coloca em risco a privacida de dos internautas e, se aprovado, elevará o já elavado custo de comunicação no Brasil.

Gostaríamos de convidá-lo a participar do ato público que será realizado no dia 14 de maio, às 19h30, em defesa da
LIBERDADE NA INTERNET
CONTRA O VIGILANTISMO NA COMUNICAÇÃO EM REDE
CONTRA O PROJETO DE LEI SUBSTITUTIVO DO SENADOR AZEREDO

O Ato será na Assembléia Legislativa de São Paulo e será transmitido em streaming para todo o país pela web.

PLENÁRIO FRANCO MONTORO
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DE SÃO PAULO
AV PEDRO ALVARES CABRAL S/N - IBIRAPUERA

O Ato também terá cobertura em tempo real pelo Twitter e pelo Facebook.

Contamos com a sua presença.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Enquanto Dormem - Cidadão das Nuvens

Encontrar-se-ão,
trêmulos e cabisbaixos,
com a barba por fazer,
em sociedades secretas
da paulicéia desvairada.


Planejarão contra o homem que
por sobre o sexo deles tem
urinado com certa freqüência
enquanto dormem.


Um tostão de palestra sobre tal pessoa:
Cheirando à aguardente,
comungado ao tropeço,
adentra a casa da vítima
valendo-se da chave que
a mesma lhe doara;
com ares de palhaço enche
bexigas, as quais,
em forma de cachorros bipolares,
ameaçam a dona da casa e
distraem, abanando os rabos e
lambendo-lhes o rosto,
os pequenos que jamais
à praça os levariam;
finalizando o ritual – não
antes de, os quadrúpedes, estourá-los -
afasta-se doze passos do desacordado
e, sobre ele, urina.


Por isso, reunir-se-ão, os convivas
da inicial estrofe:
Permutarão forças pelo sonho
de estarem despertos,
armados e espertos,
quando o mambembe
da máscara de espelho
aparecer.

Nesse momento, expulsá-lo, alivia,
por um dia mais –
só por hoje;
assassiná-lo, condena, à liberdade perpétua.

Renato Silva é um estudante de letras, está formando um grupo de poetas em sampa, ama o São Paulo e torresmo com cerveja. Não acredita no homem em si, mas crê na humanidade. Adora que o chamem pelo nome, mais ainda quando pelo "codinome": Cidadão das nuvens. Você pode ver mais poesias dele no seu blog

=>Faça como o Renato e mande suas poesias para clube.ideias@gmail.com

quarta-feira, 6 de maio de 2009

De volta pra casa - Bárbara dos Anjos

Onde vim parar?
Quem me tornei?
Quero voltar um pouco.
Quero sapatinhos vermelhos para bater três vezes meus calcanhares e dizer “não há lugar como minha casa”.
Me leve de volta para minha casa.
Para a melhor parte de mim.
Quero meu Kansas confortável, bucólico, familiar e quentinho.
Não quero confusão. Não quero fofoca.
Não quero gritos histéricos.
Quero simplicidade.
Ser sempre simples e cada vez mais simples.
Quero ouvir a música um pouco mais baixa e com a luz um pouco mais fraca.
Quero felicidades simples e verdadeiras.
Abraços, sorrisos e lágrimas.
Muitas lágrimas quentes de felicidade.
Quero dias de verão na beira da praia.
Mesas com poucos e bons amigos.
Quero ver bons filmes no cinema.
E outros melhores ainda sentada no sofá com meu amor.
Quero morar num quadro da Mary Poppins. Alguém me leva?
Quero que VOCÊ, VOCÊ e VOCÊ venham comigo.
O combinado é cada um levar o melhor de si e deixar tudo de ruim para trás.
Agora é só fechar os olhos conta: 1, 2, 3.
Pronto.
Daqui para frente somos só a melhor parte de nós mesmos.
A melhor e mais simples de parte de nós mesmos.
Combinado?


Bárbara dos Anjos é jornalista, gaúcha e libriana. Mora em São Paulo e gosta de roxo, cerveja e filmes antigos. Acha que está saindo de um bloqueio criativo. Mas como boa libriana está meio insegura. O que você acha?

=>Mande sua poesia pra gente também! Escreva para clube.ideias@gmail.com

domingo, 3 de maio de 2009

Ética e Totalitarismo: 20ª sessão do Clube de Ideias

Professores associados: Jáder, Machado, Vladimir, Teixeira, Figueiredo e Veloso.


Após um grande intervalo voltamos a nos encontrar, perturbados pelo encerramento do bimestre escolar.

O professor Veloso afirma que é uma inutilidade a aplicação de provas, exames, porque os resultados são desanimadores. Já o professor Figueiredo não vê outra forma de realmente constatar se o aluno domina conceitos, a língua e etc. Formas alternativas de avaliação são aplicadas, constata o professor Vladimir, porém o que se avalia é o domínio de outras competências e habilidades, que a tradicional prova não o faz. Ocorre que, a verdade, sobre se você domina ou não conceitos, linguagens elaboradas, se faz ali no preto no branco da prova, afirma Figueiredo

Todos os dias constatamos a formação de um estado eminentemente autoritário ou de uma sociedade autoritária, afirma Machado, mudando o rumo da conversa.

A sociedade clama por leis de Talião, por restrições a liberdade individual, como forma de solução para problemas do cotidiano. Isso ocorre no trânsito, em relação a fumar, as passagens dos congressistas. Mas estes mecanismos salvaguardam os interesses da população, interfere Vladimir.

Veja, diz Machado, as leis de trânsito devem existir é claro, mas o comportamento no trânsito não deve funcionar porque a lei quer, mas porque o cidadão é consciente, dessa forma ele não precisa de uma lei que determine que ele não deva dirigir porque bebeu, porque ele tem a consciência de que exageros com o álcool levam a acidentes no trânsito. Ou ainda, o congresso, o deputado por uma questão de ética não deveria fazer mal uso de certos mecanismos que facilitam a atividade parlamentar (passagens aéreas). Não seria necessário criar uma lei para isso. A ética definiria tal atitude.

Mas não vivemos num mundo ético, caro Machado, diz Figueiredo, daí a necessidade da lei, que e deve ser implacável, dura lex, sed lex.

Mas este é o ponto, diz Machado. Abrimos o campo para nos submetermos à lei, ao estado, e perdemos a autonomia. Logo as pessoas vão se dar conta que as leis não dão conta e que é preciso mais. O parlamento não da conta, precisamos mais. Do que precisamos? Do totalitarismo.



De fato o Vladimir tem razão, afirma o professor Teixeira. Os sintomas estão ai presentes, a ausência de memória, a ameaça de novos genocídios, a falta de autonomia dos educadores, a submissão a líderes políticos carismáticos, lideranças religiosas fundamentalistas, enfim é um quadro preocupante.
Preocupante, mas o nosso jardim epicurista resiste.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Para perder o pecado - Frico

Para perder o pecado
Eu preciso escrever um poema
Sem anjos alados ou tortos
Sem Cristo
Sem Virgem
Sem dogmas
Sem necessidade de redenção
Sem tentativa de oração
Sem perdão
Sem 2000 anos de cultura

De símbolos sacros
De lamentações
De martírios santos
De fraternidade e culpa

Para me livrar de vez do pecado
Preciso esquecer dos demônios
As tentações
As putas apedrejadas

Esquecer de vez de tudo isso para
Finalmente chegar perto de Deus

Frico, jornalista, blogueiro, baixista e escrevinhador, fez essa poesia no ônibus para Penápolis no sábado do feriado de 21 de abril, após ler alguns poemas do livro "Um parque de diversões da cabeça". Ele acredita que não há nada que nos afaste mais de Deus que as religiões dos homens. Mais rabiscos do Frico no blog Punk Brega

=>Mande sua poesia pra gente também! Escreva para clube.ideias@gmail.com